quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Aos 16, deficiente é campeão de matemática

Ele não enxerga, quase não ouve, usa cadeira de rodas e tem grande parte dos movimentos comprometidos. Portador de artrite reumatóide, Paulo Santos Ramos, 16, foi um dos vencedores da olimpíada de matemática promovida pelo governo federal na rede pública de todo o país. A prova envolveu 10,5 milhões de estudantes de 31.028 escolas.
Paulo é um dos 300 alunos que receberão uma medalha de ouro na Olimpíada de Matemática das Escolas Públicas, organizada pelos ministérios da Educação e de Ciência e Tecnologia.Cursa a sexta série em uma escola regular do Plano Piloto, bairro de classe média de Brasília. Participou da olimpíada com outros 220 alunos do colégio e foi o único vencedor do grupo. Matemática está entre as disciplinas preferidas dele, ao lado de português, geografia e ciências. Quando a Folha o procurou na escola, ele ajudava um colega, também portador de deficiência visual, a recuperar nota em outra matéria, história.Paulo lê os textos em braile, mas a perda parcial do movimento das mãos o impede de escrever e digitar. Por isso os professores o avaliam por meio de testes orais. "Ele é muito estudioso, sedento de aprender", diz a mãe, Maria Santos.Em casa, o computador é usado tanto para fazer trabalhos da escola quanto para se divertir, com o auxílio de um programa desenvolvido para portadores de deficiência visual, que transforma a fala em texto escrito."Só converso coisas legais na internet", diz. O site preferido é o da Rede Saci (www.saci.org.br), que tem informações dirigidas a deficientes. Nela, entra em salas de bate-papo e cria jogos que desenvolvem, por exemplo, os sentidos de espaço e direção.A artrite reumatóide surgiu aos dois anos de idade. A primeira manifestação foi uma inflamação na perna direita. Ele demorou a freqüentar a escola, por causa da dificuldade da família em lidar com a doença, diz a mãe. Às vezes falta às aulas em razão de dores, mas nunca foi reprovado.Há quatro anos, passou a usar cadeira de rodas por causa da atrofia. A mãe acredita que a doença agora esteja estabilizada com o uso de corticóide.Paulo, por enquanto, parece não se importar com que carreira seguir no futuro. Seu maior interesse é conseguir fazer fisioterapia no Hospital Sarah Kubitschek, de Brasília, para tentar recuperar o movimento das pernas. Ele, porém, afirma que ainda não conseguiu uma vaga.

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