quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A escrita de sinais



Já existem muitos trabalhos científicos que comprovam a necessidade da criança surda aprender a língua de sinais em primeiro lugar, mas faltam trabalhos sobre a necessidade da alfabetização em escrita de sinais e,mais do que isso, faltam trabalhos de divulgação sobre a tecnologia desta escrita. A linguagem sem escrita própria é passageira, menos precisa, depende do momento, do lugar, de quem comunica e da memória. A escrita é a representação de um sistema primário que é, em geral, a fala. As crianças ouvintes têm facilidade de aprender porque copiam os fonemas. As crianças surdas que se comunicam por sinais também precisam representar pela escrita a fala própria delas que é viso-espacial.
Quando as crianças conseguem aprender uma escrita que é representação de sua língua natural
amadurecem e melhoram todo o seu desenvolvimento cognitivo.
O escrever e ler em língua de sinais, para o surdo, é o caminho natural em todo este contexto. Ou será que para uma criança ouvinte submetida a uma educação bilíngüe, se preconizaria como acertado apenas dar lhe condições para que lesse e escrevesse em sua segunda língua estabelecendo para sua primeira língua apenas o papel conjuntural da comunicação presencial e imediata? Na verdade, este fato aconteceu muitas vezes na história da humanidade quando por razões políticas populações foram forçadas a esquecer suas línguas naturais ou a usá-las apenas em privado. Sabe-se também, pelas constatações da sócio-lingüística o quanto estas populações foram prejudicadas em vários aspectos por estes procedimentos coercitivos.
Não é correto impor ao surdo esta limitação, quando sua condição o impede de falar e compreender com amplitude a sua segunda língua. O alfabeto usado para o português é o ponto terminal da longa história da escrita ocidental. O sistema Sign Writing® que representa as unidades gestuais fundamentais, suas propriedades e relações tem como ponto de partida a língua materna dos surdos. Divulgá-lo pela Internet por meio de um curso a distancia, tornando-o acessível a grande parte da comunidade surda brasileira, é tornar acessível a esta comunidade uma ferramenta necessária e importante.
A criança estimulada a escrever busca representar pela escrita a língua pela qual se expressa. Ela tenta desenhar os sinais. O código Sign WritingÒ deve ser normalmente introduzido como o alfabeto da língua portuguesa. Será uma alfabetização paralela ao aprendizado das duas línguas. A tecnologia da informática traz muitas possibilidades para usar a escrita de sinais. Certamente esta tecnologia abrirá novos caminhos como por exemplo, um programa que traduza de uma escrita para a outra, como se encontra do inglês para o português e vice-versa.
Quando as escolas iniciaram o uso da LIBRAS, esta linguagem era só uma ferramenta para facilitar a comunicação, depois comprovou-se que ela é uma língua completa que o surdo deve aprender, para que possa se desenvolver em muitos sentidos. A escrita de sinais é a mesma coisa, agora parece ser apenas mais uma ferramenta, uma curiosidade mas, quando se pensa que não ser analfabetos em sua própria língua é importante, vamos compreender que a escrita de sinais para o surdo é muito importante.
Tem-se a consciência que este trabalho, desenvolvido com a escrita de sinais, é muito pouco dentro de uma metodologia que significa tanto para as pessoas surdas. Porém é extremamente importante e útil para esta comunidade, porque a pessoa vai para a escola, principalmente para deixar de ser analfabeto, e a maioria dos surdos hoje, depois de muitos anos de estudo, quando sai da escola continua analfabeto.
O trabalho que se realiza na Escola Especial Concórdia entra no quarto ano de implementação e algumas observações importantes já podem ser colocadas.
Muitos alunos surdos quando começam aprender a escrever pensam que o português escrito é a
representação da língua de sinais que eles usam. Quando os alunos começam a aprender a escrita de sinais eles conseguem separar e ver que é outra língua. Trabalhando as duas línguas separadamente e comparando-as o resultado será melhor porque é, assim que, consagradamente acontece a aprendizagem de uma segunda língua.
Os surdos em suas manifestações escritas podem produzir ótimos material, como literatura, poesia, textos, se possuírem o domínio do instrumento necessário para isso.Para a maioria, isto não acontece na língua portuguesa porque a dificuldade de traduzir é imensa o sentido muitas vezes muda, é difícil. Então ninguém faz.
A adaptação do Sign Writing® à LIBRAS produzindo a escrita de sinais brasileira é uma ferramenta adequada para que os alunos surdos cumpram o objetivo de registrar por escrito sua língua visual.
A escrita de sinais desenvolve e amadurece os aspectos cognitivos do surdo organizando seu pensamento e fazendo com que a leitura e escrita alfabéticas contando com uma escrita não fragmentada como parâmetro tenham sua aprendizagem facilitadas. Depois que aprendem os códigos da escrita de sinais, os alunos conseguem escrever respostas com muitos detalhes, refletindo seus pensamentos de forma mais completa, e não como aparecem, geralmente, os escritos dos surdos em português, só com poucas palavras.
A possibilidade de comparar as duas escritas abre novas possibilidades de compreensão da estrutura das duas escritas tornando-as mais acessíveis.
O interesse de muitos surdos por aprender a escrita de sinais é grande, maior ainda o de usar o Sign Writer® ( editor de textos em línguas de sinais para o sistema operacional DOS ) nas aulas de computação.
A inserção no currículo da escrita de sinais só na 7a série é um fato que precisa ser alterado inserindo-a no momento apropriado, qual seja na, fase anterior e em seguida simultânea à alfabetização em português. Darlhe continuidade é crucial para o desenvolvimento do trabalho escolar com surdos viso-dependentes assim como o é com o Braille para o trabalho escolar com os cegos.
Outros trabalhos importantes surgiram no Brasil reafirmando a convicção de que este é um caminho válido para ajudar a solução da escrita dos surdos há tanto anos alvo de pesquisas que não tem melhorado a situação. Pode-se citar o do doutor Fernando Capovilla, da Universidade de São Paulo, que está por publicar um dicionário completo de sinais escritos por meio do Sign Writing® com 900 páginas e 1600 ilustrações .
Na construção deste site, que oferece aulas de escrita de sinais, foram levados em consideração todos os requisitos de qualidade exigidos no desenvolvimento de um software Educacional, segundo [CAM 96]. A construção das páginas com o conteúdo foi distribuída de forma ordenada, de maneira a permitir que o usuário não se perca durante a navegação.
Houve uma grande preocupação com a padronização das cores e das fontes em todas as páginas do site para que não ocorresse poluição visual.
A linguagem usada na descrição do conteúdo é muito informal com termos utilizados em linguagem coloquial. Em relação aos exercícios, deu-se prioridade a clareza e objetividade dos conteúdos. Todos os links utilizados no site possuem saídas para as páginas existentes.
Quanto à analise de viabilidade, o desenvolvimento do software foi considerado viável, pois utilizou recursos técnicos (software, hardware e livros) de fácil acesso.
Os hiperdocumentos/hipermídias utilizados no site possuem vida útil não só pelo assunto tratado, uma língua viva, como pela via de acesso a este documento, a internet, cada dia mais difundida pelo mundo.
O conteúdo do site possibilita aos desenvolvedores um aumento inesgotável de informações, vindas de sugestões de usuários (e-mail).
O objetivo do site além de contribuir para complementar as informações disponibilizadas aos alunos com os textos, é também promover a prática do que foi estudado, resolvendo exercícios de fixação de conteúdo.
Todo o desenvolvimento do site teve como ponto principal, a possibilidade de acesso ao site por qualquer pessoa desde que conhecedora da LIBRAS.
Na Escola Especial Concórdia os alunos que tiveram oportunidade de acessar o site o fizeram com facilidade, ou não, conforme seu maior ou menor domínio da ferramenta computador. As perguntas foram bastante voltadas para o significado das palavras despertando uma curiosidade mais comprometida com a descoberta do que quando perguntam pelo significado das palavras em português pois percebem que,embora muitas vezes, não conheçam os códigos, estes estão mais próximos da língua que lhes é natural eportanto lhes são mais familiares.
Outro aspecto interessante observado foi o de que os alunos que possuem computador em casa mostraram interesse em trabalhar sozinhos o que aponta para uma maior possibilidade de desenvolver sua capacidade de leitura e escrita.

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